De onde foi que recebi esta força em meu olhar
Que dissipou a feiúra do mundo, clareou
As noites com branda luz solar e transformou
Podridão e desordem em ordem e vida?
Que é que, pelos enigmas de espaço e tempo,
Seguro me conduz até a fonte eterna
Dos deleites do bom, do verdadeiro e belo,
E, nela, todos os meus desejos aniquila?
É isto: silenciei; e fiz a flama de luz,
Azul e profunda, translúcida, pura e calma,
Espelhar-se nos divinos olhos de Urânia.
E desde então esses olhos repousam em mim,
Eles são no meu ser: e o eterno e uno
Vive em minha vida, vê em meu olhar.
Tradução: Gusmão de Oliveira Manzur
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