terça-feira, 8 de março de 2011

Max Horkheimer: dois fragmentos.



“(...) só que a história não considerou qualquer razão “em si”, não é uma substancialidade nem espírito perante o qual nos devamos curvar, nem “poder”, mas um resumo abstrato de acontecimentos, resultado do processo vital social dos homens. A história não dá nem tira a vida de ninguém, não impõe nem cumpre tarefas. Apenas os homens reais atuam, vencem obstáculos e podem conseguir reduzir a dor individual ou geral provocada quer por eles próprios, quer por poderes naturais.
A autonomização panteísta da história num ser substancial e uno não é nada mais que metafísica dogmática.”

“A confiança num pensamento rigoroso e consciencioso e o saber em torno da relatividade do conteúdo e estrutura do conhecimento não se excluem, antes são necessários um ao outro. Que a razão nunca poderá estar segura da sua eternidade, que o conhecimento depende de uma época, mas que em época alguma estará assegurado para todo o futuro histórico, que a severa dependência temporal ainda atinge o conhecimento que a determina – este paradoxo não anula a verdade desta afirmação, pois reside na própria essência do verdadeiro conhecimento, nunca ser fechado.”

HORKHEIMER, Max     Origens da filosofia burguesa da história.
Tradução de Maria Margarida Morgado. Lisboa: Presença, 1984 (Biblioteca de textos universitários; 67) p.89 e p.72 respectivamente

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