Michael Oakeshott
(1901-1990), filósofo inglês, lecionou ciência política na
Universidade de Oxford e na London School of Economics. Sua obra
abrange reflexões sobre teoria da Histórica, Filosofia do Direito,
Estética, Religião, Política e também assuntos ligados à
educação.
Entre suas obras:
Experience
and Its Modes.
Cambridge University Press,
1933.
Rationalism
in Politics and Other Essays.
Methuen
1962
On
Human Conduct.
Clarendon Press , 1975.
On
History and Other Essays.
Basil Blackwell 1983
(edição brasileira: Sobre a História e outros ensaios. Rio de
Janeiro: Topbooks, 2003)
“A
postura fundamental filosófica de Oakeshott combina elementos de
ceticismo, idealismo e humanismo. Para ele, não existe filosofia,
não existe garantia absoluta de que qualquer coisa que a gente diga
ou faça seja justificada. A realidade é mediada para nós apenas
por certo número de práticas humanas distintas, como história,
moralidade, política, ciências, filosofia e poesia. Nenhuma visão
da vida ou experiência deve ter precedência sobre o resto. O que
temos é uma certa quantidade de distintas práticas e modos que
provaram seu valor ao longo do tempo, apropriados aos papéis
específicos para os quais foram preparados. Cada prática é uma
realização humana específica. Cada qual revela apenas uma parte do
todo, no entanto desvenda uma parte. A fim de descobrir qual poderia
ser esta parte, temos de estar cientes da prática, e isso significa
penetrar nela como algo que precisa ser vivido. O que uma prática
oakeshottiana constitui não pode ser analisado em termos externos a
ela, nem seus objetivos podem ser justificados em outros termos que
não o seu próprio.”
Joy A. Palmer 50 grandes educadores modernos, de Piaget a Paulo Freire. São Paulo: Contexto, pp. 63-64
"Ser humano é
reconhecer-se relacionado com outros, não como as partes de um
organismo são relacionadas, não como membros de uma “sociedade
única e inclusiva”, e sim em virtude de participação em
múltiplos relacionamentos compreendidos e na fruição de linguagens
históricas compreendidas de sensações, sentimentos, imaginações,
desejos, reconhecimentos, crenças morais e religiosas, exercícios
práticos e intelectuais, costumes, convenções, procedimentos e
práticas, cânones, máximas e princípios de conduta, regras que
denotam obrigações e funções que especificam deveres.
O habitante de um mundo
composto não de “coisas”, mas de sentidos, isto é, de
ocorrências em algumas maneiras de reconhecer, identificar, entender
e responder de acordo com este entendimento. É um mundo de
sentimentos e crenças, e inclui também artefatos humanos (como
livros, retratos, composições musicais, instrumentos e utensílios).
[…] Não compreender isso é ser não um ser humano, mas um
estrangeiro da condição humana.
“(...) Não há tal
coisa designada como “natureza humana”; há apenas homens,
mulheres e crianças respondendo alegremente ou de forma relutante,
reflectidamente ou menos reflectidamente à experiência da
consciência que existe como resultado da sua autocompreensão.
Sermos humanos também não é “termos uma habilitação especial”
como a de engenheiro eletrotécnico. Se a nossa principal preocupação
é com a autoconsciência, então para que serve toda esta
parafernália educativa? (...)”
“(...) A ideia de
escola é a de um “lugar à parte” onde um neófito poderá
encontrar-se com a sua herança de forma imparcial,sem sofrer as
distorções e corrupções provocadas pela linguagem
corrente; é também um
compromisso de aprendizagem feito não pelo acaso, mas pelo estudo em
condições dirigidas com a finalidade de se criarem hábitos de
atenção, concentração, exatidão,
coragem, paciência,
discriminação e reconhecimento da excelência quer no pensamento
quer na conduta; é um local onde a aprendizagem da vida adulta se
faz de modo a haver o reconhecimento
e a identificação de
si próprio noutros termos que não os das suas
circunstâncias
imediatas. (...) ”
“É nesse mundo
espiritual que a criança, mesmo nas aventuras mais precoces de sua
consciência, se inicia; e iniciar seus alunos neste mundo é a
tarefa do professor (…) O ensino é a iniciação deliberada e
intencional de um aluno no mundo das relações humanas ou em uma
certa parte dele. O professor é aquele cujas falas (ou silêncios)
pretendem promover esta iniciação com respeito a um aluno (…)
consequentemente, ele é também um agente de civilização. Mas sua
relação direta é com o aluno. Seu compromisso é levar o aluno a
conseguir o máximo de si mesmo, e a forma pela qual ele o faz e
ensinando-o a reconhecer-se no espelho das realizações humanas que
compõem sua herança espiritual.”
“(...) Sim, enquanto
seres humanos somos todos self-made, mas não do nada e muito menos à
luz da natureza(...)”.
“nascermos herdeiros
e de só sermos capazes de compreensão do nosso legado, através da
aprendizagem.”
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