quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Pascal

"A maior baixeza do homem é a busca da glória, mas este é também o maior sinal de sua excelência; pois, não importa as posses que tenha na terra, a saúde e a comodidade essencial que possua, ele não estará satisfeito se não for estimado pelos homens. Julga tão grande a razão do homem que, mesmo tendo alguma vantagem na terra, não estará contente se não estiver vantajosamente situado também na razão do homem. É o mais belo lugar do mundo, nada pode desviá-lo desse desejo, e essa é a qualidade mais indelével do coração humano.
E os que mais desprezam os homens, e os igualam aos animais, também querem ser admirados e acreditados por isso, e contradizem-se a si mesmos por seu próprio sentimento; sua natureza, que é mais forte que tudo, os convence da grandeza do homem mais fortemente que a razão os convence de sua baixeza."

"O homem é visivelmente feito para pensar; é toda a dignidade e todo o seu mérito; e seu dever é pensar corretamente. Ora, a ordem do pensamento é começar por si, e por seu autor e sua finalidade.
Mas em que pensa o mundo?Jamais nisso, mas em dançar, em tocar alaúde, em cantar, em fazer versos, em passear para se distrair, etc., em combater, em tornar-se rei, sem pensar no que é ser rei, e no que é ser homem."

"Justiça, força - É justo que o que é justo seja seguido, é necessário que o que é mais forte seja seguido. A justiça sem a força é impotente; a força sem a justiça é tirânica. A justiça sem a força será contestada, porque há sempre homens maus.; a força sem a justiça será acusada. é preciso, pois, reunir a justiça e a força, fazendo com que o que é justo seja forte, ou que o que é forte seja justo.
A justiça está sujeita à disputa, a força é muito reconhecível e sem disputa. Assim, não se pôde dar força à justiça, porque a força contestou a justiça dizendo que era injusta e que ela, a força, é que era justa. Desse modo, não se podendo fazer que o que é justo fosse forte, fez-se que o que é forte fosse justo."

Fonte: Blaise Pascal Pensamentos sobre a Política. tradução:Paulo Neves São Paulo:Martins Fontes, 1994 pp.18-19,28,52.

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