sexta-feira, 9 de setembro de 2016

Claude Lévi-Strauss: Palavras retardatárias sobre a criança criadora.




Publicado originalmente no periódico La Nouvelk Revue des Deux Mondes, em janeiro de 1975, Palavras retardatárias sobre a criança criadora”, constitui o desdobramento de uma mesa redonda dedicada a “A escola e a criança criadora”. Este é o único escrito do antropólogo Claude Lévi-Strauss (1908-2009) dedicado exclusivamente ao tema da educação.

O tempo demasiado curto para um debate aprofundado, pouco espaço para discussão com o público e a falta de um fio condutor entre os participantes, advindos de diversas áreas do conhecimento causaram certo desconforto e insatisfação entre os presentes. Desse modo, ciente da importância do assunto, o antropólogo belga decidiu voltar ao tema, redigindo este artigo.

O que dizer? Em suas poucas páginas,Palavras retardatárias sobre a criança criadora”, revela-se mais incisivo do que muitos artigos, livros, palestras, congressos e seminários preocupadíssimos com a educação, elaborados pelos especialistas propriamente ditos neste ramo do saber…
Isto acaba fortalecendo minha visão de que a educação é um tema urgente demais para ficar nas mãos apenas dos pedagogos, psicólogos e psicopedagogos. Não defendo voluntarismo irresponsável e observações efetuadas sem um conhecimento básico do que está em discussão.

Criatividade, há tempos está na ordem do dia. Com a reconfiguração do mundo do trabalho, o advento do ciberespaço e dos aparatos digitais, “ser criativo” é a moeda corrente. Unido à resiliência, flexibilidade, empreendedorismo, foco e outras expressões. A educação escolar, neste contexto, será bastante requisitada para a consecução dessas metas.
Lévi-Strauss observa, a partir de seu olhar etnológico, que a criatividade infantil é algo muito recente. Culturas e sociedades na maior parte de sua história preocupavam-se em transmitir um legado aos pequenos. Usando como exemplo os mestres artesãos, o autor observa que a criatividade não ocorre num vazio, há códigos, disciplinas, padrões, modos de proceder, que, se não são imutáveis, opressivos e a-históricos, devem ser aprendidos e passados a diante. A criação pessoal ocorre após o domínio de um repertório anterior, que não pode ser ignorado. Do mesmo modo, a educação da criança não prescinde de uma disciplina intelectual metódica e o contato com grandes obras da cultura erudita.


Há reflexões sobre os métodos de ensino, pejorativamente denominados “tradicionais”, observações sobre leituras equivocadas das concepções piagetianas, do imediatismo do cotidiano sob o peso da economia. Enfim, reflexões fecundas elaboradas por um mestre.



Contrariamente ao que o título da mesa-redonda poderia implicar, não parece então que o problema da criança criadora resulte da imperfeição de um velho sistema pedagógico. Durante muito tempo, o sistema que ainda e teoricamente é o nosso resolveu-o de maneira satisfatória. Se descobrimos, hoje em dia, que um problema, a razão dele não é que o sistema fosse mau. Era tão bom quanto um sistema colectivo pode ser, mas deteriorou-se e, por razões exteriores a sua natureza, esta agora afundado. Antes de ser pedagógico, o problema da criança criadora poe-se em termos de civilização.

Também se sabe porque razão, ao acolher uma clientela cada vez mais numerosa, o ensino secundário viu a sua qualidade comprometida, tanto ao nível dos professores, como ao dos alunos. Não somente, no entanto, devido a dilatação dos efetivos e dos programas sobrecarregados. O nascimento e desenvolvimento daquilo a que se chama comunicação de massa alterou profundamente as condições em que o saber era transmitido noutros tempos. Ele já não e filtrado lentamente de uma geração para a outra no seio do meio familiar ou profissional, antes se propaga com uma rapidez desconcertante no sentido horizontal e em planos entre os quais surgem soluções de continuidade: de ora em diante, cada geração comunica com todos os seus membros com muito mais facilidade do que com a que a precede ou se lhe segue. Ainda fiel a antiga formula, a escola -se ultrapassada em todos os seus aspectos e, pelo facto de a família ter perdido uma das suas funções essenciais, a escola não pode mais prolongar essa função e alarga-la. Ela já não esta a altura de servir, como outrora, de elo de ligação entre o passado e o presente no sentido vertical e, no sentido horizontal, entre a família e a sociedade.

Mas falta entendermo-nos sobre as causas: o que torna a reforma oportuna não é que os métodos tradicionais fossem maus, mas que o contexto social, cultural e econômico se modificou. Encontramo-nos, entre nós, em condições comparáveis aquelas que encontram educadores europeus quando vão dispensar instrução as crianças de sociedades exóticas. Os resultados decepcionam-nos e concluem, quer que os povos em questão tem uma inteligência inferior por razoes congênitas, quer que as modalidades da sua existência pratica bloqueiam o seu desenvolvimento mental. Em ambas as hipóteses, chocar-se-iam com uma inferioridade de facto. Ora nos sabemos que isto não e assim: as crianças escolarizadas dessas sociedades limitam-se a aprender de cor, esquecem depressa e fazem poucos progressos porque não lhes deram os meios de organizarem e estruturarem os seus novos conhecimentos segundo as normas intelectuais em vigor na sua civilização. Desde que se faça um esforço nesse sentido, os resultados melhoram de maneira espetacular.

Seria então preciso que os nossos educadores se improvisassem em etnógrafos de uma sociedade que já não é aquela onde os métodos que eles aprenderam se aplicavam. Mas se novos métodos permitem interessar a criança naquilo que faz, a ajudam a compreender e a apreciar o que lhe ensinam, em lugar de o aprender de cor, a finalidade tradicional da escola não sera por isso modificada. Para a criança, tratar-se-a sempre de aprender; melhor, sem duvida, e de maneira mais inteligente do que conseguia anteriormente, mais aprender na mesma, ou seja, assimilar conhecimentos e outras aquisições do passado.
E não e o mais grave. Com efeito, teve-se muitas vezes a impressão de que, para outros participantes e certos elementos do publico, se tratava, de maneira aberta ou insidiosa, de contestar a missão tradicional da escola. Como se desejar que a criança aprenda constituísse, ao mesmo tempo, um empreendimento inútil e um atentado a sua liberdade; e como se os recursos intelectuais e espontaneidade próprios a criança se bastassem a si mesmas, excluindo toda a obrigação e deixassem a escola, como único papel, não entravar o seu livre desenvolvimento. Em apoio desta tese, ouviu-se mesmo alguém invocar os trabalhos justamente celebres de Piaget. O mestre de Genebra sem duvida que teria ficado muitíssimo surpreendido com isto, pois jamais pretendeu que as estruturas mentais cada vez mais complexas que surgem, segundo ele, nos sucessivos estádios de desenvolvimento da criança pudessem organizar-se e ordenar-se na ausência de toda a disciplina externa. De resto estas estruturas tem um carácter formal e ficariam vazias e inoperantes se não se exercessem sobre um adquirido de conhecimentos cujo aprovisionamento constitui um dos objetivos da escola. Mas mais; porque hoje se apercebem de que os resultados de Piaget, dos quais ninguém sonha em minimizar a importância, devem ser interpretados em função de uma problemática muito diferente, que se relaciona a neurofisiologia. Pelo menos entre os vertebrados superiores, apos o nascimento e durante a maior parte da infância, as estruturas cerebrais conservam uma grande plasticidade.

No entanto, os mesmos educadores que achavam admirável que se exercite a criança a bater-se contra objetos materiais como pigmentos coloridos, papel, pinceis, barro, tabuas e perpianhos, indignam-se que se lhe possa pedir que reaja, numa composição francesa, ao texto de um autor morto ou vivo, porque dizem-nos, a criança não o pensou ela própria. Como pode não se ver que a situação e a mesma, num e noutro caso? Em ambos, convida-se a criança a defrontar uma realidade ou um conjunto de realidades estranhas, de natureza material ou espiritual; espera-se dela que comece por se aperceber das suas propriedades características, que as assimile; enfim, contra as resistências que elas lhe opõem — quer seja ao manipula-las, quer seja ao compreende-las —, que ela faca obra pessoal ao produzir uma síntese original a partir de todos esses elementos.

A coação da escola, que se comprazem em denunciar, não e senão um aspecto ou uma expressão da coação que toda a realidade — e a sociedade e uma — exerce normalmente sobre os seus membros. E de bom tom ridicularizar ou estigmatizar a resistência que o meio social opõe as obras inovadoras. E não ver que, no seu estadio final, essas obras devem tanto a este meio como ao impulso criador que as leva a contornar as regras tradicionais e, em caso de necessidade, a viola-las. Toda a obra memorável a também feita das regras que obstam ao seu nascimento — e que ela teve que transgredir —• e de regras novas que, uma vez reconhecida, ela imporá por seu turno. Escutemos, a este respeito, a lição de um grande criador, numa obra que e, ela própria, consagrada a criação: refiro-me a Richard Wagner e aos Mestres Cantores (1), com as minhas desculpas pela desajeitada tradução:

Aprendei as regras dos mestres
Vara que elas vos ajudem a preservar
O que nos vossos mais verdes anos
A primavera e o amor vos tenham revelado.
E mais adiante:

Criai as vossas próprias regras, mas segui-as.

Que não há contestação possível se não houver nada para contestar, e uma lapalissada; mas ela tem o mérito de sublinhar que a resistência e o esforco para a vencer são necessários ao mesmo título. Para que as Flores do Mal e Madame Bovary pudessem existir, foi preciso, primeiro, que existissem Baudelaire e Flaubert, mas também teve que haver uma coação exercida hic et nunc que obrigava a desvios pelas vias da imaginação; senão, essas vias nunca teriam sido abertas. E, em todo o caso, te-lo-iam sido de outra maneira. Porque a obra criadora resulta de uma arbitragem e de um compromisso: entre a intenção inicial do criador — mas, neste estadio, ainda informulável — e as resistências que ele teve que vencer para a exprimir. Estas são as resistências que ao artista opõem a técnica, as ferramentas, o material; ao escritor, o vocabulário, a gramatica, a sintaxe; mas também, a ambos a opinião e as leis. Toda a obra de arte e revolucionaria, seja, mas não o pode ser senão ao atuar sobre o que subverteu. O seu caracter inovador (que desapareceria se nada houvesse perante ela) vem-lhe de ela morder no obstaculo, mas não sem lhe ceder e se modelar, ainda que pouco, sobre ele. A obra-prima e então feita, ao mesmo tempo, daquilo que e e daquilo que nega, do terreno que conquista e da resistência que encontra. Resulta de forcas antagônicas que compõe, mas a cujo impulso e contra-impulso fica a dever esta vibração e esta tensão que nela admiramos.

Os etnólogos estudam sociedades a quem não se poe o problema da criança criadora; e a escola também não existe nelas. Naquelas que eu conheci, as crianças ou brincavam pouco, ou não brincavam absolutamente nada. Com maior rigor, as suas brincadeiras consistiam na imitação dos adultos. Esta imitação levava-as de maneira insensível a participar a serio nas tarefas produtoras: quer fosse para contribuir, na medida do que podiam, na procura de alimentos, quer fosse para cuidar dos mais novos e distrai-los, quer fosse para fabricar objetos. Mas, na maior parte das sociedades ditas primitivas, esta aprendizagem difusa não basta. E também preciso que, num momento determinado da infância ou da adolescência, se desencadeie uma experiência traumática, cuja duração varia, conforme os casos, entre algumas semanas e vários meses. Entremeada de provas freqüentemente muito duras, esta iniciação, como lhe chamam os etnólogos, grava no espirito dos noviços os conhecimentos que o seu grupo social tem por sagrados. E também poe em ação aquilo a que chamarei a virtude das emoções fortes —ansiedade, medo e orgulho — para consolidar, de maneira brutal e definitiva, os ensinamentos recebidos no decurso dos anos em estado diluído.

As sociedades estudadas pelos etnólogos tem pouco gosto pela novidade: elas justificam os seus costumes pela antiguidade que lhes atribuem. Pelo menos para aquelas cujo efetivo demográfico não ultrapassa alguns milhares de indivíduos e que, por vezes, nem chegam a atingir a centena, o ideal — impossível, claro, de respeitar — seria permanecer tal como, segundo os mitos, os deuses as criaram no alvor dos tempos. No entanto, nessas sociedades não industriais, cada um sabe criar por si mesmo todos os objetos artesanais que lhe apetece usar. Que não se fale, aqui, de imitação instintiva: as mais humildes técnicas dos chamados primitivos fazem apelo a operações manuais e intelectuais de uma grande complexidade que e preciso ter compreendido e aprendido e que, de cada vez que se executam, reclamam inteligencia, iniciativa e gosto. Não e qualquer arvore que e própria para fazer um arco, nem mesmo qualquer parte da arvore; a exposição do tronco, o momento do ano ou do mês em que a abatem iao-pouco são indiferentes. Os gestos feitos para desbastar, trabalhar e polir a madeira, preparar a fibra destinada a corda e aos ligamentos, enrolar e apertar estes, tudo isto implica experiência, jeito, julgamento. O homem consagra-se inteiramente a estas tarefas, investe nelas o seu saber, a sua habilidade, a sua personalidade; o mesmo quanto a ceramista ou a tecedeira. As diferenças em relação a obra do vizinho podem ser minimas, indiscerníveis a vista não treinada. O pratico distingue-as e elas inspiram no seu autor um legitimo orgulho.

Ao querermos fazer dos nossos filhos criadores, estaremos a espera somente que, como o selvagem ou o camponês das idades pré-industriais, ele saiba fazer sozinho o que o seu vizinho também faz, mas no respeito por normas estabelecidas de uma vez por todas, ou pedimos-lhe algo mais? Reservaríamos então o nome de criação para aquilo que, no plano material ou espiritual, represente uma verdadeira inovação. Os grandes inovadores são, e claro, necessários a vida e a evolução das sociedades: para alem de um tal talento poder — e disso nada sabemos —• ter bases genéticas (pondo de parte que ele exista em estado latente em toda a gente), também nos devemos interrogar sobre a viabilidade de uma sociedade que desejasse que todos os seus membros fossem inovadores. Parece muitíssimo duvidoso que uma tal sociedade se possa reproduzir e ainda menos progredir, uma vez que se entregaria permanentemente a dissipar as suas aquisições.

Talvez tenhamos assistido a um fenômeno desta ordem em certos sectores da nossa própria cultura, no das artes plasticas em particular. Desvairados com as duas inovações maiores constituídas, na pintura, pelo impressionismo e pelo cubismo, que se sucederam uma a outra no lapso de poucos anos, atormentados sobretudo pelos remorsos de não as termos sabido reconhecer logo de principio, impusemo-nos como ideal, não o que inovações fecundas poderiam ainda produzir, mas sim a inovação em si mesma. Não contentes por a termos de algum modo divinizado, imploramos diariamente que ela nos traga novos testemunhos da sua omnipotência. O resultado esta a vista: uma cavalgada desenfreada de estilos e maneiras, ate na obra de cada artista. Afinal de contas, foi a pintura como gênero que não sobreviveu as pressões incoerentes que se exerceram sobre ela, para que não cessasse de se renovar. Outros domínios da criação sofrem o mesmo destino: toda a arte contemporânea esta presentemente numa situação aflitiva. Que a recente evolução da pintura atue com tao grande peso sobre os métodos pedagógicos que pretendem libertar a criança e estimular os seus dons criadores razão mais do que suficiente para que estes respirem alguma desconfiança.

Regressemos então ao sentido subjectivo, mas meçamos também a largura do fosso que, na nossa civilização, separa a ambição, mesmo modesta, que este sentido implica, das oportunidades que temos de a traduzir na pratica. Lembro--me da exaltação de duas jovens americanas durante uma estadia em Franca, quando lhes revelaram que a baunilha e uma vagem e como, a partir de um ovo, qualquer um pode fazer uma maionese por suas mãos. Para elas, essas substancias e os seus respectivos sabores pertenciam ate então a um reportório anonimo, feito de carteiras e caixas a cujo conteúdo atribuíam, em algumas doses, uma mesma uniformidade de origem. Logo que conexões insuspeitadas se estabeleceram no seu universo mental, sentiram-se reintegradas num devir histórico. Ao cumprirem gestos humildes, participavam numa criação.

Este exemplo trivial faz-nos por o dedo no drama de civilização, que, muito antes de se repercutir em crise pedagógica, esta na raiz de um problema a que não pudemos fazer mais do que sobrevoar. Os nossos filhos nascem e crescem num mundo feito por nos, que antecipa as suas necessidades, previne as suas perguntas, os encharca de soluções. A este respeito, não vejo diferença entre os produtores industriais que nos inundam e os ≪museus imaginarios≫ que, sob a forma de coleções de livros de bolso, de álbuns de reproduções e de exposições temporárias em jacto continuo desvitalizam e embotam o gosto, minimizam o esforco, baralham o saber: vãs tentativas para acalmar o apetite bulímico de um publico sobre o qual desabam desordenadamente todas as produções espirituais da humanidade. Que, neste mundo de facilidades e desperdício, a escola continue a ser o único sitio em que e preciso ter trabalho, sofrer uma disciplina, passar por vexames, progredir passo a passo, viver, como se costuma dizer, ≪no duro≫, não e coisa que as crianças aceitem, pois  não a podem compreender. Dai a desmoralização que as invade, quando sofrem toda a especie de coações para as quais tanto a família como a sociedade não as prepararam e as consequências por vezes trágicas desta inadaptação.
Resta saber se e a escola que esta errada, se e uma sociedade que perde cada vez mais e todos os dias o sentido da sua função. Ao pormos o problema da criança criadora, enganamo- nos no tema: porque somos nos próprios, tornados consumidores desenfreados, quem se mostra cada vez menos capaz de criar. Angustiados pela nossa carência, esperamos a vinda do homem criador. E como não nos apercebemos dele em parte alguma, viramo-nos, em desespero de causa, para os nossos filhos.



Temamos, no entanto, que, ao sacrificarmos as rudes necessidades da aprendizagem aos nossos sonhos egoístas, acabemos por lançar a escola pela borda fora, com tudo aquilo que ela ainda representa, e que venhamos a privar os nossos sucessores do pouco que ainda permanece solido e substancial na herança que podemos deixar-lhes. Seria aberrante pretender iniciar os nossos filhos na criação pelas vias da arte, recorrendo a métodos pedagógicos inspirados pelos frutos ilusórios da nossa esterilidade. Reconheçamos ao menos que procuramos nisso uma consolação: ao fazermos da criança a medida do criador, damos a nos próprios uma desculpa por termos deixado a arte regredir ao estadio do jogo, mas sem termos tido o cuidado de não abrirmos a porta a confusões muito mais graves entre o jogo e os outros aspectos sérios da vida. Ai de nos, nem tudo na vida e jogo. E aos jovens espíritos que nos incumbe formar que se fica a dever esta lição fundamental que nos convidam a calar, para a satisfação, na verdade bem ingenua, de justificar aquilo a que ainda se chama arte pelos exercícios atraentes de que, sob o colorido de reforma pedagógica, proporciona ocasião as criançasexercícios em que, no entanto, os próprios adultos podem encontrar — e nada mais — um muito vivo agrado.


Fonte: LÉVI-STRAUSS, Claude – Palavras retardatárias sobre a criança criadora” In O Olhar Distanciado. Tradução de Carmen de Carvalho. Lisboa: Edições 70, 1986 (Perspectivas do Homem; 24) pp. 373-386

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